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Caos 24 horas

Pacientes reclamam da falta de estrutura e pedem melhorias na UPA Leblon


João Vitor Marques, Ingrid Protásio, Roberta Dorneles, Sarah Neres e Sandy Ruiz


Pacientes do serviço público de saúde de Campo Grande não recebem os medicamentos prescritos durante suas consultas. A maioria dos remédios está em falta nas farmácias dos postos e Unidades de Pronto Atendimento. A infraestrutura de uma forma geral está comprometida, com equipamentos quebrados e salas deterioradas. As longas filas de espera se estendem durante as consultas.

Pacientes aguardam horas por atendimento na UPA Leblon./ Foto: Ingrid Protásio


“Para quem ganha um salário mínimo, 70 reais é muita coisa”, afirma a técnica de enfermagem Estefani Sandim, que, após ser atendida na UPA Leblon e diagnosticada com sinusite, sofreu com a falta de medicamentos básicos e precisou buscar uma farmácia privada para obter os remédios receitados.

Se o objetivo das UPAs é prestar atendimento aos pacientes de urgência e emergência e oferecer os primeiros socorros, a falta de medicamentos, como os de via oral, que deveriam ser oferecidos na farmácia da unidade, impossibilita o tratamento dos pacientes em condição de vulnerabilidade. "Um elemento básico, que se espera receber, principalmente em uma situação delicada como uma crise de sinusite, é essencial ter em mãos. E não tem nada aqui, a única coisa que tem é dipirona", lamenta Estefani.

O mesmo problema foi enfrentado pela técnica de enfermagem Regina Godoy, cuja sogra precisava de atendimento para dor de barriga e pressão alta. Um dos medicamentos receitados pelo médico plantonista para ela, o Bromoprida, também estava em falta. Além disso, Regina e a sogra relataram uma longa espera pela ausência de um atendimento preferencial para idosos.

A superlotação da UPA Leblon corrobora as reclamações de demora feitas por vários pacientes. As cadeiras dispostas na recepção, todas ocupadas, além de mais pessoas inquietas em pé esperando, tornam fácil imaginar o longo tempo que pode demorar a fila para uma simples consulta.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), o quadro da unidade é composto por ao menos seis médicos por período, além de equipe multiprofissional composta por enfermeiros, técnicos, auxiliares, dentistas e servidores administrativos. Esse número seria condizente com a estrutura e capacidade instalada no local.

A Sesau esclareceu em uma nota que a UPA atende urgência e emergência e a preferência se dá por classificação de risco e não por ordem de chegada, sendo os pacientes mais graves priorizados em detrimento dos demais. Estas unidades também concentram pacientes em observação e que aguardam transferência para um hospital e, por conta do seu quadro de saúde, precisam ser constantemente assistidos pelos profissionais.

Quanto à questão dos medicamentos, segundo a secretaria, atualmente o estoque de medicamentos, materiais e insumos da Rede Municipal de Saúde encontra-se 90% abastecido e que não há falta do remédio Bromoprida. Afirma ainda que o que pode ter ocorrido é a indisponibilidade momentânea na unidade durante o atendimento do paciente em questão.

O órgão ainda esclarece que existem faltas pontuais ocasionadas por diversos fatores, como indisponibilidade do composto e matéria prima no mercado, atraso na entrega por parte do fornecedor, bem como entraves de ordem burocrática nos processos de compra.


Problemas estruturais

Para complicar ainda mais a situação, alguns ambientes da unidade apresentam condições precárias. As falhas na estrutura vão de aparelhos quebrados a vazamentos que dificultam um melhor desempenho do atendimento e denunciam a precarização do serviço com um todo.

No banheiro feminino, por exemplo, vazamentos nos sanitários deixam o chão completamente molhado. No dia em que nossa equipe esteve no local, dois vasos estavam com panos na base para conter o vazamento, uma tentativa dos funcionários da unidade para resolver o problema, mas que pouco funcionava.

Vazamento em sanitário e pia com a torneira danificada estão entre as reclamações. / Fotos: Ingrid Protásio


Além de representar um perigo para os pacientes que por ali transitam, o mal cheiro chegava até a recepção. A acompanhante Regina Godoy criticou a situação precária dos sanitários do hospital. “Estão em um estado lamentável, apresentando perigos visíveis para os pacientes mais debilitados".

Também é possível encontrar por todo o local manchas no teto cobertas por mofo e poças de água ocasionadas por outros vazamentos e goteiras. Os funcionários informaram que está sendo feita uma pequena reforma para recuperar as paredes, mas ainda são notáveis as infiltrações e rachaduras.

Teto do banheiro feminino coberto por mofo/ Foto: Ingrid Protásio


Outro problema da UPA da região do bairro Leblon, ainda mais grave, é a ausência de um aparelho de Raio-X em funcionamento. Os pacientes que precisam do serviço, mesmo com urgência, são encaminhados para outras unidades de saúde, como o Hospital Universitário, para terminar o atendimento.

Neste mesmo dia, uma mãe cujo filho gritava do lado de fora com o pé ensanguentado, precisou ela mesma levar o filho até outra unidade de saúde. Apesar dos primeiros socorros feitos no local, o atendimento só poderia ser concluído após a realização de uma radiografia.

Em relação à estrutura física, a Sesau informou que a UPA Leblon, assim como as outras nove unidades de urgência e emergência (cinco UPAs e quatro Centros Regionais de Saúde - CRSs), deverão receber melhorias nos próximos dois anos.

Segundo o órgão, a reforma da UPA Vila Almeida já foi iniciada, com previsão de conclusão até dezembro, e foi aberto processo licitatório para reforma da UPA Universitário, com início previsto para o próximo mês.

Por fim, a Secretaria ainda esclarece que a unidade recebeu recentemente um novo equipamento de Raio-X, que está em processo de avaliação técnica e a previsão é de que nas próximas semanas o serviço esteja operando normalmente.







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