Aditivos com cores e sabores aumentam o número de crianças que fumam os conhecidos vapes e pods
Emelyn Gomes, Luana Passini e Luiza Ferraz
Os cigarros eletrônicos são uma febre entre os jovens de 13 a 24 anos, e chegam a ser oferecidos como mais saudáveis do que os cigarros convencionais. Apesar de ser proibido por lei em todo o território nacional desde 2009, está presente em praticamente todos os ambientes, especialistas garantem que eles oferecem riscos ainda maiores para a saúde de quem faz uso do aparelho.
Os cigarros eletrônicos são dispositivos alimentados por pilhas, em que o fumante inala vapor que pode conter nicotina, tetraidrocanabinol (THC) e óleos de canabinoide (CBD), além de outras substâncias, aromatizantes e aditivos. Eles vêm sendo apresentados com diferentes formas, cores e sabores, aumentando a preocupação da saúde pública. Esses artifícios atraem principalmente as crianças.
De acordo com o psicólogo clínico e social Bruno Silveira Santos, um dos fatores importantes que pode levar um adolescente a experimentar cigarros eletrônicos, além de serem atrativos, é o contexto social em que aquele adolescente está inserido. “Se a pessoa tem baixo acesso aos direitos dela, ela está mais exposta à vulnerabilidade, ao uso de álcool e de drogas. Isso é um dos determinantes possíveis, mas lembrando que não é em si algo que a gente consegue caracterizar, porque é bem dinâmico também os motivos que as pessoas buscam o uso de cigarros”.
Nos bares de Campo Grande, é comum a presença dos pods
Apesar da afirmação do psicólogo, o custo desse hábito é alto, variando de R$20 a R$250. Comparado ao uso do cigarro convencional, que tem o preço mínimo de R$6,50, é bem mais caro.
Os aromatizantes podem aumentar a atratividade dos pods para os jovens. Foto: Luana Passini
Os riscos a saúde dos jovens
A estudante de Medicina da Universidade Nove de Julho, Micaella Gonçalves Serrano, ao ser questionada confirma as evidências de que o cigarro eletrônico pode causar dependência de nicotina mais rapidamente em jovens do que em adultos.
“Segundo estudo da Associação Médica Brasileira, a nicotina pode causar dependência em todas faixas etárias, mas recentemente mostram que os jovens foram quatro vezes mais propensos a experimentar cigarros e três vezes mais propensos a fumar se eles usaram cigarros eletrônicos”.
Ao abordar jovens entre 13 a 24 anos, eles comentaram que as mudanças na saúde física ou mental tiveram aumento significativo ao usar cigarro eletrônico. “Qualquer sinal de estresse eu já quero fumar, qualquer problema que aparece eu acabo descontando no pod”, descreve Bruna Pratti, de 20 anos. “Desde pequena convivo com asma, porém quando comecei a fumar se agravou e eu tive broncoespasmo tendo que ficar internada e tratar com bombinha”, relata Beatriz Oliveira, de 19 anos.
Arte: Emelyn Gomes
Cigarro Eletrônico: Uma decisão que você mudaria?
A estudante Luana de Paula relata que começou a fumar aos 19 anos, pois foi algo que chamou a atenção por causa dos diversos sabores que os cigarros eletrônicos oferecem. Atualmente, ela tem 22 anos e ainda fuma cigarros eletrônicos. Ao ser questionada sobre essa decisão, ela disse: “Não usaria.” E aconselha aqueles que têm interesse em usar, para que não usem e procurem outras alternativas como hobbies, para que os distraiam dessa curiosidade. Ao entrevistar outros jovens, as respostas não foram diferentes, muitos chegaram a comentar até mesmo sobre o quanto o custo desse hábito pode ser alto e também o quanto pode afetar a saúde mental deles.
Arte: Luiza Ferraz
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