top of page
lauras05

Cultura viva: um olhar para a feira das Moreninhas

Conheça um pouco da tradição dos moradores de um dos maiores bairros de Campo Grande


Isadora Colete e Julia Padilha


Com o céu ainda escuro, os carros começam a entrar na Rua Barreiras e a montagem das bancas se inicia, uma por uma. Primeiro, as ferragens, depois a tenda. Por último, a organização dos produtos. É dia de feira, e os moradores do bairro das Moreninhas já começam a entrar em meio às barracas atraídos pelo cheiro delicioso dos alimentos e pelo olhar curioso à diversidade de mercadorias.


Quando falamos em feira, logo pensamos em pastel. A barraca Pastel D´Hora, uma das mais tradicionais da feira das Moreninhas, é comandada por Giliane e seu marido Clayton. O casal se instalou na feira em novembro de 2013, seguindo o mesmo caminho da família de Clayton, que cresceu ajudando os pais que também eram feirantes.



Chegando às 7 horas da manhã, Gi e Clayton iniciam o processo de organização. Com a barraca em pé e as mesas arrumadas, a fila de clientes começa a se formar. Um a um são atendidos pelos funcionários que os auxiliam. Os pastéis feitos com massa caseira e recheios já preparados em sua casa vão saindo aos montes, agradando a todos os paladares.



A feira também conta com bancas de brinquedos, penduricalhos, bijuterias, eletrônicos, temperos, frutas e hortaliças no geral, que são muito bem recebidas pela população. Segundo a influencer regional e moradora do bairro das Moreninhas, Glória Maria, em um vídeo publicado em sua conta pessoal do TikTok, “a feira tem um motivo só: comprar muito e gastar pouco”. Basicamente, são três causas que levam as feiras livres adiante: qualidade, diversidade e preço acessível. Tudo o que a população não encontra nos supermercados.

O estudante, Daniel Felipe, de 23 anos, frequenta a feira desde os seus dez anos de idade. Ele relata que já virou um hábito dos moradores do bairro. “A feira sempre foi um evento, quando chega quinta-feira ou domingo é aquilo de irmos comer um pastel ou tomar uma raspadinha”.

Entre as barracas, é possível notar famílias que vão ao local para fazer compras, ou até mesmo para passear, além de crianças brincando entre os consumidores.

Um dos maiores bairros da cidade, com aproximadamente 22 mil habitantes, as Moreninhas abrigam moradores que fomentam o comércio local. A feira livre fortalece os vendedores que cada vez mais precisam desse incentivo, visto que durante a pandemia o comércio local sofreu com o desfalque de barracas, que antes tomava conta de toda a rua. Isso porque os feirantes tiveram de abandonar sua principal fonte de renda e se adaptar a outros empregos para o sustento durante o período de isolamento social. Consequentemente, caiu o número de clientes.



Apagando-se em meio a um mosaico de barracas, a feirante Elisabete Dias, mais conhecida como Dona Bete, vende seus abacaxis e verduras há mais de 20 anos. Na concorrência com grandes bancas, Dona Bete, que não possui estrutura própria, organiza-se entre uma caminhonete e alguns caixotes de madeira. De frente a um supermercado popular, o grande cartaz com a oferta dos abacaxis é o principal chamariz da barraca. Maior até mesmo que ela.

Além disso, também é muito comum a presença de ambulantes, que utilizam o humor e a simpatia para conquistar clientes e, assim, vender seus produtos. É o caso do vendedor conhecido como Paraíba, que faz parte de um grupo de nordestinos que vendem tapetes e utilidades em feiras e locais públicos espalhados pela cidade.



Conhecida por sua variedade, a feira das Moreninhas tornou-se um ponto de encontro, de passeio, lazer e socialização entre os moradores, não só do bairro, mas de toda a região. Mais do que uma tradição, uma cultura que se mantém viva ano após ano.



70 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page