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Faltam medicamentos já é a normalidade nos postos de saúde de Campo Grande

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O difícil acesso nas unidades de saúde aos remédios prescritos impacta negativamente a população


Gyovana Marinho, Letícia Furtado e Sanny Duarte


USF Estrela Dalva - Dr João Miguel Basmage - Foto: Gyovana Marinho
USF Estrela Dalva - Dr João Miguel Basmage - Foto: Gyovana Marinho

As Unidades de Pronto Atendimentos (UPAs), Unidades de Saúde da Família (USFs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Campo Grande vêm enfrentando falta de medicamentos básicos, chegando a virar tema de audiência na Câmara Municipal em maio de 2024. Foi relatado que em fevereiro de 2024, dos 243 medicamentos da rede, 107 estavam em falta, tanto na rede quanto no almoxarifado. Uma Ação Civil Pública pelo Ministério Público Estadual (MPE) tramita na Justiça desde 2015 para tentar resolver o problema da falta constante de medicamentos.

 

A dona de casa Thalita Vasconcelos disse que há meses o anticoncepcional estava em falta e que ela precisou comprar até chegar no posto de saúde neste mês. Ela ainda contou que há quatro meses o seu pai teve um AVC e que passou a necessitar de vários remédios para a pressão, porém, um deles nunca está disponível no posto e consequentemente ela também precisa comprar.

 

No site da prefeitura de Campo Grande, a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), disponibiliza o estoque de medicamentos. A última atualização é de 31 de janeiro de 2025, na qual constam 10 medicamentos com o estoque zerado. Partindo do relato de Thalita sobre medicações anticoncepcionais e de hipertensão, a medroxiprogesterona usada como anticoncepcional injetável ou no tratamento de amenorreia (cólica menstrual) e sangramento uterino disfuncional e o succinato metoprolol usado no tratamento da hipertensão arterial estão incluídos na falta de estoque. Além desses, também estão em falta: alendronato sódico (para osteoporose), dexametasona colírio (para infecções oculares), diosmina + hesperidina (para problemas circulatórios), estrogênios conjugados (hormônio feminino), isoconazol (antimicótico), levodopa 200 mg + cloridrato de benserazida 50 mg comprimido (para doença de Parkinson), nitrazepam e salbutamol 0,5 mg/ml inj 1ml (ansiolítico).

 

Ângelo Evaldo Macedo é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Enfermagem do município de Campo Grande (SINTE PMCG), e diz que o problema de fornecimento não é algo novo e que é constantemente discutido com a gestão “cobramos a gestão, que disfarça e inventa uma desculpa, infelizmente, quase todo mês estamos no CMS fazendo denúncia a respeito”.

 

Um dos principais problemas relacionados à escassez dos medicamentos na rede pública é a inconstância no fornecimento dos medicamentos: “a falta não é pontual com determinado medicamento, quando chega um que estava em falta outro deixa de ser ofertado”, declarou Ângelo.

 

De acordo com o presidente do sindicato, além da falta dos medicamentos comuns, dentro dos laboratórios a falta do material necessário apresenta um novo problema à população.  “Quanto aos exames  de sangue solicitados na rede, vira e mexe não tem diluente e as coletas são perdidas. Nesse caso o resultado vem como Hemolisado e requer nova coleta”.

 

Ângelo também avisa dos danos que os pacientes sofrem.  “Pode ocorrer de haver uma piora do quadro e ou sintomas, causando um mal prolongado, visto que não tratou adequadamente. O paciente está à mercê do sistema, usa o que tem ou o que consegue comprar, o prejuízo é enorme”. O Presidente do SINTE PMCG ainda declara “E o povo? Deus tenha misericórdia”.

 

A chefe de divisão de almoxarifado da farmácia, Cristiana Ventura Rodrigues, declarou que, normalmente, por conta do recesso de final de ano, os fornecedores de medicamentos param por um período, e consequentemente o seu setor de compras.

 

"O impacto da falta de medicamentos nos pacientes é negativo. Quando ele consulta na unidade e sai sem a medicação prescrita, o farmacêutico entra em contato com o prescritor e disponibiliza o que temos em estoque, a fim de atender de forma plena o paciente. Quando isso não é possível, fazemos remanejamento de estoque entre as unidades". Cristiana Ventura comentou que os remédios mais comuns em falta são os que possuem mais demanda e que são disponibilizados pelo programa Farmácia Popular.

 

A chefe de divisão apontou problemas com fornecedores que pedem dilação de prazo e cancelamento de empenhos como uma das principais causas da falta de medicamentos nos postos de saúde. "Estamos em um momento de transição, a nível de assistência farmacêutica, sendo assim, procuramos entender onde estão os problemas para que possamos resolvê-los", disse Cristiana.

 

Cristiana Ventura afirmou que o plano de ação para resolver a falta de medicamentos é fazer os pedidos em tempo ágil para evitar o desabastecimento nas unidades de saúde, fazer o remanejamento nesses locais e sempre manter contato com os fornecedores para que eles cumpram o prazo de entrega. "Estamos com as atas e empenhos vigentes da maioria dos medicamentos que compõem a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME), dentro de alguns dias, nosso estoque estará normalizado em toda rede".


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