top of page
  • lauras05

Furto de fios de eletricidade afeta moradores e serviços de Campo Grande

Os principais suspeitos são usuários de drogas e moradores de rua, que destinam os fios para ferros-velhos irregulares


Texto e Imagens: Gabriel Garcia Souza e Valesca Silva




Em 5 de fevereiro, um homem de 32 anos morreu carbonizado ao tentar furtar fios de alta tensão em uma subestação de energia em Campo Grande. O incidente ocorreu na Vila Progresso, nas proximidades do terminal de ônibus Morenão, causando uma explosão que afetou a área. O curto-circuito resultante deixou cerca de 40 mil residentes sem energia elétrica.

 

Uma onda de furtos de fios vem acontecendo na capital, deixando diversos bairros com falta de luz e causando prejuízos. Nos últimos meses, os casos têm se intensificado, afetando a iluminação pública e os serviços essenciais, como sistemas de telecomunicação. Autoridades locais estão em alerta e adotando medidas para coibir essas ações, que impactam diretamente a população e a infraestrutura da cidade.

 

 Eduardo Cabral, presidente da Associação de Moradores do Bairro Cabreúva (AMBC), relata que os furtos são uma ocorrência frequente em sua região e por toda a cidade. Para enfrentar essa questão, o líder comunitário organizou um grupo no WhatsApp, com 320 participantes residentes no bairro. Este grupo desempenha o papel de um sistema de alerta para a vizinhança: sempre que algum morador percebe qualquer atividade suspeita, imediatamente envia mensagens no grupo, assim possibilita que os residentes se mobilizem até a chegada da Polícia Militar ou Civil para impedir o roubo.

  

O representante do bairro relata que o grupo de WhatsApp teve início com apenas 20 participantes, mas agora conta com a adesão de moradores de áreas próximas. Além dos residentes do bairro Cabreúva, participam também moradores do Planalto e do Amambaí. Essa cooperação entre os bairros possibilitou o apoio da Polícia Civil e da Guarda Municipal. Eduardo Cabral menciona um incidente de furto ocorrido na orla Morena, destacando que, graças à rápida comunicação do grupo, o responsável foi detido apenas 15 minutos após o crime.

 O presidente do bairro comenta que a fiscalização deveria ser mais rígida em cima dos ferros-velhos, pois os roubos acontecem e estão em crescimento constante pois tem demanda de compra ilegal. Cabral comenta a normalidade de quem furta ao cometer o crime. “Você vê fumaça na rua, em algum canto, pode saber que eles estão queimando os fios, eles fazem isso para retirar a capa plástica e permanecer apenas o cobre”.

 

 Em outubro de 2023 entrou em vigor o Decreto Nº 15707, sancionado pela prefeita Adriane Lopes, impondo a obrigatoriedade de comprovação da origem ou procedência na comercialização de cobre, alumínio e estanho na capital. Essa medida visa regular as ações de combate aos furtos e a fiscalização de ferros-velhos, desmanches e comércios semelhantes pela cidade.

 

 Em setembro de 2021 o vereador Coronel Alírio Villasanti propôs um projeto de lei semelhante, que mais tarde se tornaria a Lei 10.255/21. Naquela época, os roubos de fios também estavam em alta, com muitas ocorrências registradas. Foram necessários pelo menos dois anos para que a lei fosse promulgada e entrasse em vigor.  Após  ser instituída, iniciou a “Operação Ferro-Velho” com o objetivo de fiscalizar os comércios de sucata e diminuir furtos de fios elétricos pela cidade. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) é responsável pelo progresso da ação, com auxílio de provedores de serviços de telecomunicações. A primeira operação aconteceu dia 5 de novembro de 2023.

 

A "Operação Ferro-Velho" prossegue em 2024, contando com o apoio da Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria Municipal da Saúde (Sesau). Segundo informações divulgadas pela prefeitura de Campo Grande, somente este ano já foi apreendida mais de uma tonelada de fio de cobre. Durante uma ação realizada em março, foram identificadas irregularidades documentais relacionadas aos proprietários dos ferros-velhos.

 

 São três punições para os indivíduos que comercializarem os fios de cobre sem procedência e comprovação. A multa é de R$10 mil reais. A pena pelo crime pode ser de um até quatro anos de prisão, além da cassação do alvará do estabelecimento por 10 anos.

 

A diretora do Conselho de Segurança Regional, Suki Ozaki, comenta que o conselho foi fundamental para a implementação da lei que surgiu devido a necessidade de segurança. “Os roubos de fio de cobre aumentaram drasticamente, recebemos várias reclamações dos presidentes de moradores que relatam que as comunidades estão cada vez mais inseguras. Por isso, nós convocamos todos os presidentes de bairro para tratar sobre o assunto, principalmente com intuito de mobilizar os conselheiros. Realizamos diversas reuniões com autoridades governamentais e até fizemos abaixo assinado exigindo algo que pudesse inibir esse crime.’’


Roubos de fios prejudicam moradores e comerciantes, além de oferecer risco

Além disso, a diretora alerta quanto ao perfil daqueles que praticam esses tipos de furtos e relatam que são na sua maioria os moradores em situação de rua.  “A região central é onde mais acontecem os roubos, principalmente na localidade da antiga rodoviária onde encontramos moradores em situação de rua e dependentes químicos’’. São eles que furtam os fios para comercialização em  ferros velhos, depois utilizam o dinheiro para manter seu vício.      

 

Alfredo José, servidor público, comenta que os roubos de fios já afetaram sua rotina, ficou três dias sem acesso a internet pelos furtos ocorridos. O senhor de 71 anos, morador do bairro Pioneiros, conta que ligou para a companhia fornecedora de produto banda larga e pediu visita técnica. "Quando eles vieram resolver, eu perguntei porque tinha ficado três dias sem conexão, então o técnico respondeu que tinham roubado fios elétricos aqui perto de casa e que afetou outras casas também. "

 

Mariely Barros, moradora da região Piratininga, próxima à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, lembra da falta de luz de madrugada, às 04h30, quando houve a morte do invasor da subestação. “No dia eu estava dormindo, então ouvi uma explosão, começou a pipocar, pareciam que estavam soltando fogos, eu saí para fora de casa e vi um clarão”. Mariely diz que depois de umas 4 horas a energia elétrica voltou na sua residência.

 

Essa situação afetou a região do Universitário e Vila Progresso: os bairros que apresentaram mais instabilidade foram Pioneiros, Rita Vieira e Piratininga. Naquela madrugada, um indivíduo invadiu a subestação de energia elétrica. A concessionária responsável pela regularização e distribuição de energia elétrica na capital é a Energisa. De acordo com a companhia, há reforço nas cercas que protegem a estrutura da subestação e placas de aviso de perigo.



8 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentarios


bottom of page