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  • lauras05

História dos trilhos

Uma volta pela história da Estação Ferroviária de Campo Grande e seus funcionários


Sandy Ruiz e Sarah Neres



O Caminho que leva aos trilhos,

História criada pela fumaça de Maria

A ferrovia

Queima no passado, e vive nas lembranças da

Família.

Responsabilidade de guiar para o destino

As rotas que celebraram a vida

A bilheteria vira sala de memórias, o que foi no passado, pelo tempo, agora incompleto

A vida construída ao redor dos trilhos, gerações famintas

Migalhas guardadas nas prateleiras

Da prosa que vem a história

A honra de ser ferroviário



Monumento histórico do trem Maria fumaça em Campo Grande, MS


Em maio de 1914, chegaram a Campo Grande as estruturas da rede de ferrovia Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Contando com 1622 quilômetros de extensão, os trilhos iam de Bauru a Corumbá e passavam por dentro da capital.

As linhas ferroviárias foram um ponto importante para o desenvolvimento da cidade. O primeiro trem de carga percorreu os trilhos do perímetro urbano quando a cidade morena ainda era uma vila com 1.900 habitantes. A estação ferroviária estabeleceu um meio de entrada e saída de Campo Grande, lugar que facilitou a chegada de imigrantes para a região, principalmente os japoneses.

Os trens passaram por Campo Grande fazendo o transporte de passageiros e cargas por um longo período até o início da decadência da ferrovia. Os episódios mais marcantes no final da ferrovia iniciaram nos anos 1990, quando o serviço de locomoção de pessoas deixou de ser oferecido. No dia 30 de março de 1996, o último trem levando passageiros saiu da estação a caminho de Ponta Porã.

Após isso, o transporte se limitou apenas às cargas, até o dia de sua inativação. Em 2004 os trilhos da ferrovia foram arrancados do centro da cidade forçando os trens a passarem por uma rota alternativa contornando pelo sul da cidade e não se aproximando mais da estação.


Patrimônio histórico


O complexo ferroviário foi tombado em 2009 como patrimônio histórico pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), para manter vivo um marco importante para o desenvolvimento da cidade. A estação foi a segunda do país a ser tombada pela união. O tombamento inclui 22 hectares e 135 imóveis. A Estação Central, a Vila dos Ferroviários, escritórios e oficinas estão entre eles.

Ao redor da estação foram construídas rotundas de manutenção, armazém, residências, escola, oficinas, criando um polo ferroviário. Todo esse patrimônio faz parte da história do desenvolvimento de Campo Grande e de sua população. A estação ferroviária é um imóvel da prefeitura e está sob sua responsabilidade, enquanto o IPHAN, é responsável pela preservação do patrimônio cultural brasileiro e por manter a caracterização do local. Apesar disso, a rotunda e a oficina se encontram abandonadas e sucateadas.

Mesmo com os investimentos para manter a estrutura, o espaço traz apenas uma vaga lembrança da época em que a ferrovia funcionava. O desgaste do tempo e o abandono do local, são denunciados à primeira vista quando chega um visitante.

A ferrovia possui 109 anos de existência, sendo inativa há 19. A falta de manutenção no local, deixa uma má imagem. O relógio na entrada da ferrovia que antes auxiliava os passageiros com o horário parou de funcionar novamente, apesar de ter passado por reparos; o telhado do lado de fora arrancado pela ventania de um temporal permanece descoberto, apenas com a estrutura; o próprio vagão na ferrovia, feito de madeira após diversas chuvas está se deteriorando cada vez mais. Os espaços que antes eram ocupados pela grande quantidade de passageiros e trabalhadores, hoje se encontram vazios. E as antigas bilheterias hoje guardam fotos montadas relembrando uma antiga época de glória para o local.


Telhado que foi arrancado pela chuva, se mantém sem reparo


Memória e cultura ferroviária


Apesar dos problemas de estrutura, a lembrança cultural e histórica da ferrovia ainda é resgatada através de eventos artísticos promovidos pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur), que ocupa um espaço na ferrovia denominado Plataforma Cultural, um complexo multicultural onde são realizadas ações para atrair o público para o local. A plataforma é usada para feiras, eventos e teatro. O restaurante da ferrovia se tornou um ateliê para artesanato. No local são oferecidas oficinas culturais para toda a população. "Para devolver à população a contribuição dela, você paga imposto, você quer cultura, então temos a obrigação e dever de estar em todos os lugares trazendo alguma coisa gratuita para população", diz Ramon Vilhalva, gestor da plataforma cultural.

A galeria de vidro na plataforma é um local de incentivo a cultura da arte, o local recebe diversos tipos de artes e expõe um artista novo a cada 15 dias. Atualmente está em exposição pinturas e quadros do Prêmio Ipê Artes Visuais.



Exposição para venda de projetos de artes desenvolvidas durante as oficinas


Museu dos ex-ferroviários


Mais do que isso, os maiores responsáveis pela preservação da história da ferrovia são os ex-funcionários. O que já foi uma bilheteria, hoje é um museu de memórias. Na entrada, existem diversos objetos espalhados que relembram um pouco da época, além dos antigos funcionários orgulhosos pelo trabalho que realizavam. Os ex-ferroviários levam a missão de manter a história presente e falar sobre a importância da ferrovia, não só para cidade como também na vida pessoal de cada um deles.

Da porta do museu, é possível ver Seu Zé, ferroviário orgulhoso e entusiasmado para contar as histórias sobre o trabalho. “Tenho orgulho de passar aqui e continuar representando a minha categoria". Foi apelidado de Zé Bala por ter sido baleado em serviço. "A profissão que eu agarrei não foi fácil, nada é fácil na vida e se você não gostar do que faz, você não sai vitorioso. Fui baleado com dez meses de serviço, eu não desisti, continuei”. Hoje, Seu José segue na ferrovia recepcionando os visitantes.


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