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Inovadora e elaborada: a estrutura do Bioparque Pantanal


Felipe Araújo e Mariana Pesquero




Formas curvilíneas, cores quentes e intensas, estruturas de vidro e metal mesclando-se à fauna e flora típicas do bioma pantaneiro - essa é a perspectiva de quem visita o aquário que já foi classificado como um dos maiores pontos turísticos internacionais. Geométrica e ousada, a arquitetura contemporânea do Bioparque conquistou elogios ao redor do mundo e contou com mais de duas mil toneladas de aço para ser erguida.

Inaugurado no primeiro semestre de 2022, o Bioparque Pantanalé o maior complexo de água doce do mundo e reúne 359 espécies de animais, além de centenas de itens em seu acervo. Com 21 mil metros quadrados de área construída, 5 milhões de litros de água, o espaço conta com 239 tanques voltados a exposição, pesquisa, preservação, bioeconomia e sustentabilidade.

O projeto estrutural do aquário foi idealizado pelo arquiteto brasileiro Ruy Ohtake, formado na Universidade de São Paulo (USP) em 1960 e filho da artista plástica Tomie Ohtake. Conhecido por suas obras com traços sinuosos, o projetista apresenta uma estética advinda do modernismo paulista, explorando em suas criações cores quentes e saturadas e utilizando muito de concreto aparente e alumínio composto, propostas que se encontram em construções extremamente complexas.

O professor de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) José Alberto Ventura Couto, mestre e doutor em arquitetura, compara Ruy Ohtake à Oscar Niemeyer. "Ele (Ohtake) faz uso muito intenso do concreto armado aparente e tem uma proximidade com Oscar Niemeyer, em termos dessas formas mais elaboradas. A marca registrada dele são as cores e formas muito arrojadas, nesse sentido os dois se assemelham."



O professor explica como se dá o projeto arquitetônico do Bioparque. “A estrutura é um elemento definidor daquela forma, a forma de uma elipse em três dimensões. Essa parte que aparece melhor é uma estrutura de aço revestida de placas de alumínio composto, mas tem também a parte de baixo, que é outro tipo de estrutura, de concreto armado”, expõe.

Couto esclarece que por ser uma obra muito singular, foi preciso se atentar a diversos detalhes durante sua elaboração. Os vidros utilizados na composição da elipse que envolve o ambiente são triangulares e multifacetados para possibilitar o formato em curva, assim como as placas que recobrem o local, feitas de um alumínio cuja parte interna possui outros materiais que vão ajudar no isolamento térmico e acústico do aquário.

Sobre a relação entre a estrutura do Bioparque e a cultura sul-mato-grossense, o professor liga o design do aquário com a fauna regional. “O próprio formato do edifício parecendo um animal, um tatu, com aquela carapaça, é uma analogia que se pode fazer. Mas é lógico que não é algo explícito, porque essa é a pegada da arquitetura, fazer algo mais abstrato, mais estilizado”, comenta.

Felipe Kahlil, acadêmico do curso de jornalismo na UFMS, visitou o aquário no ano passado em uma excursão escolar e definiu o complexo como sofisticado. “Ao mesmo tempo que tem esse tom mais artístico, dá para ver que é um trabalho bem sério, segue um meio termo entre uma arquitetura bonita e atual”, opinou.



Polêmicas


A construção do maior complexo de água doce do Brasil foi envolta em polêmicas que se estendem desde a demora para ficar pronto até os gastos exorbitantes para que fosse finalizado. O edifício levou onze anos para ser levantado e, a princípio, o gasto total seria de 84 milhões de reais, mas, ao ser inaugurado, o governo estadual apresentou que foi necessário três vezes mais - 230 milhões de reais - para sua estruturação.

Durante o processo de construção as obras foram paralisadas devido a denúncias de corrupção e investigações de irregularidades dirigidas pelo Ministério Público, retornando à atividade sob aprovação da justiça apenas em 2019. Hoje, recém completado um ano de inauguração, o Bioparque se encontra sem licitação após a desistência da antiga empresa proprietária, e sua administração está nas mãos do governo do estado. Apesar das controvérsias, o ponto turístico já atraiu mais de 330 mil visitantes nesses 14 meses estreantes e recebeu elogios dos engenheiros responsáveis pela idealização e construção da Rota Bioceânica.



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