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Interditado!

Ruas abandonadas e promessas quebradas em Campo Grande


Gyovana Marinho e Allan Klinsman



Essencial para o transporte e habitação, a qualidade das vias públicas de Campo Grande sempre foram pivô de reclamações por parte da população e alvo de inúmeras promessas de solução por parte do poder público e da classe política de Mato Grosso do Sul, especialmente em períodos eleitorais.

Em 2023, a capital do Estado alcançou um novo patamar de vias públicas danificadas, em reforma ou até mesmo completamente destruídas. Segundo a Prefeitura de Campo Grande, a culpa é do período intenso de chuvas dos primeiros quatro meses do ano. Mas, ao percorrer alguns desses lugares, é possível perceber que as águas da chuva somente trouxeram à luz do dia o resultado de anos de meias-medidas e vista grossa por parte dos órgãos responsáveis pela manutenção da malha viária da de Campo Grande.

Muito pode se atribuir ao vício da prefeitura no serviço de reparos simples, mais conhecido como tapa-buracos, que ao longo de anos criou uma malha asfáltica irregular em regiões mais afastadas do centro, com desníveis tão intensos que geram prejuízo aos motoristas da Capital.

O maior exemplo é a avenida Ernesto Geisel, que corta a cidade de norte a sul, e é a principal via de acesso para alguns dos cartões postais mais importantes da cidade, como o Horto Florestal, Parque Ayrton Senna e Ginásio Guanandizão. A avenida é dividida pelo córrego Segredo e quanto mais você se afasta das regiões nobres da cidade, pior fica a qualidade da via.

Para piorar a situação, em todos os períodos chuvosos o córrego transborda e leva consigo parte do sistema de contenção inacabado e da cobertura asfáltica da avenida, expandindo uma erosão que se iniciou em 2009 e agora comemora 14 anos e já tomou uma faixa da via. Isso contribui para uma lista crescente de acidentes na região devido à ineficaz sinalização criada pela prefeitura, unida à desatenção de alguns motoristas, que honestamente, não esperam que parte do asfalto simplesmente deixe de existir à sua frente.

E em resposta à uma reportagem similar realizada pelo Correio do Estado, neste ano de 2023, a Prefeitura da Capital declarou que a gestão está elaborando um projeto para recuperar o trecho entre a Rua do Aquário e a Avenida Manoel da Costa Lima, onde está localizada a cratera, e que o custo estimado da obra seria de R$ 70 milhões, dinheiro que a prefeitura alega não ter em caixa.

E o que isso significa? que não há qualquer previsão de reparos ou soluções para a região em um futuro próximo.


No coração de Campo Grande


No centro da cidade, mais especificamente nos cruzamentos da avenida Fernando Corrêa da Costa com a rua Sebastião Lima, e a uma quadra de distância da Rua José Antônio, ambas as pontes que passam pelo córrego Prosa tiveram sua estrutura comprometida em janeiro deste ano, com a possibilidade real de cederem devido ao intenso tráfego de veículos. Após cinco meses de interdição, a via foi liberada, mas as obras ainda não foram concluídas e é possível ver equipamentos e homens trabalhando nos reparos da região.



Em uma conversa com um agente de trânsito que fiscaliza o local, foi revelado que alguns motoristas estavam tão acostumados com os desvios e sinalização na pista que por vício ainda furavam o semáforo, o que resultou em um acidente no mesmo dia da liberação da via.

O alívio pela liberação da via era notável no comércio local, que ao ser abordado para dar uma declaração, responderam quase em uníssono que “já não aguentavam mais falar sobre o assunto”, e se recusaram a falar mais do que isso.



Em outra região famosa de Campo Grande e que tem obras inacabadas é o Lago do Amor, localizado na Avenida Senador Filinto Muller, na região sul da cidade. Desde 1960 é um cartão turístico, devido à forte presença de casais e famílias que frequentam o local diariamente em busca de um lugar calmo e em contato com a fauna do Cerrado.

Porém, desde janeiro de 2023, o acesso ao local está parcialmente comprometido, quando o solo abaixo da avenida e da pista de caminhada presentes no local cederam e criaram uma cratera que engoliu parte da calçada e asfalto.

Em resposta, a Agetran e a Prefeitura de Campo Grande impediram parcialmente o acesso à via para dar espaço a um canteiro de obras que não possui data definida para ir embora.

Desde então, o movimento na região diminuiu consideravelmente, o que afetou os comerciantes da região, que dependem do movimento das famílias e casais. Tudo o que se pode ver são cadeiras de bar quebradas e trailers fechados em pleno final de semana, e os únicos habitantes regulares da região são as capivaras.

Em nota, a prefeitura de Campo Grande garantiu que as obras na região continuam dentro do cronograma, e possuem uma previsão de término até o final do ano de 2023 e prometem compensar os meses de transtorno com uma reforma significativa na região, incluindo o bloqueio da via nos domingos, para incentivar família e amigos a se reunirem no local.





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