Campo Grande foi a única capital brasileira com duas mulheres disputando a prefeitura
Anna Bruschi, Luiz Gusmão, Sophia Lescano
Os eleitores campo-grandenses voltaram às urnas no dia 27 de outubro (domingo) para definir Adriane Lopes (PP) como a primeira mulher eleita para a prefeitura de Campo Grande, um momento histórico. Essa eleição também marcou pela primeira vez, duas mulheres concorrendo no segundo turno das eleições municipais. Rose Modesto (União) e Adriane Lopes representaram não apenas suas candidaturas, mas também um avanço significativo na luta pela representatividade feminina.
Rose Modesto expressou sua alegria por ter participado de um momento tão significativo. “É um espaço importante para as mulheres, um protagonismo feminino na política”. A candidata acredita que a presença feminina no poder traz uma perspectiva mais sensível às questões sociais. “A mulher tem um chamado para cuidar. E a política deve ser um lugar para aqueles que realmente desejam servir à comunidade”.
A candidata Rose Modesto acredita que o número de feminicídios pode ser reduzido Foto: Luiz Gusmão
Quando questionada sobre a relação entre o feminicídio e a política, Rose Modesto enfatizou: “Eu acho que são duas frentes - prevenção, reestruturação da rede e ao mesmo tempo, penas mais duras para a gente dizer que não vai aceitar isso mais aqui”.
A candidata eleita Adriane Lopes declarou ao site G1 que quem sai ganhando são todas as mulheres. “Acredito que a partir de então nós vamos poder despertar as mulheres não só de Campo Grande e Mato Grosso do Sul, mas as mulheres do nosso Brasil. Para estarem também buscando se posicionar na política. Essa vitória, minha e da Camila (candidata à vice), não é só nossa. Essa vitória é das mulheres do nosso país”.
Apoio nacional: Adriane Lopes teve o ex-presidente Bolsonaro e a senadora Tereza Cristina pedindo votos Crédito: site da candidata
O juiz eleitoral Ariovaldo Nantes Corrêa destaca que a participação de duas mulheres na disputa pelo cargo de prefeita revela uma mudança na mentalidade do eleitorado. “Essa situação inusitada pode, de fato, despertar maior interesse do eleitorado e ajudar a reduzir as abstenções, mas é necessário um esforço contínuo de conscientização sobre a importância do voto”. Ele ainda ressalta que, apesar de ser um avanço, a mudança na participação feminina nos cargos executivos ainda enfrenta barreiras, já que a maioria das posições de poder continua sendo ocupada por homens.
A população de Campo Grande está atenta a essa disputa histórica. Nara dos Reis Ferreira, educadora física de 53 anos, comentou sobre a importância da representatividade feminina. “A mulher está começando a se expandir e ter mais voz dentro da sociedade. É um ótimo momento para uma mulher assumir a administração da cidade”. Para ela, as mulheres trazem uma sensibilidade única, especialmente em questões sociais.
Bruno Lescano Padovan, administrador de 35 anos, concorda que a presença feminina no poder pode trazer uma nova perspectiva. “Uma mulher pode identificar necessidades que, muitas vezes, passam despercebidas por homens”. Outros eleitores, como Maisa Damaceno, servidora pública estadual de 31 anos, destacaram a sensibilidade das mulheres na política: “Acredito que a mulher tem mais sensibilidade para assuntos que a sociedade tem apresentado uma necessidade. O feminino vem com uma visão mais sensível, e isso pode fazer a diferença.” Essa percepção reforça a ideia de que as mulheres podem oferecer um olhar atento e cuidadoso às demandas da população.
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