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Onda de calor traz impactos negativos

No Brasil houve três ondas de calor só no primeiro trimestre de 2024. Nutricionista, dermatologista e nefrologista dão dicas de como se cuidar nesse período

Gabriella Alves Couto









Nas últimas semanas, as regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul passaram por mais uma onda de calor intenso, a terceira registrada no primeiro trimestre de 2024. As temperaturas chegaram a 38° no Rio de Janeiro e a sensação térmica foi de 60° em alguns pontos. No Mato Grosso do Sul não foi diferente. Na terça-feira, 12/3, Campo Grande teve máxima de 36° e Três Lagoas chegou a marcar 39.7°, a maior temperatura do país na data, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet.

 

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou a informação de que o Brasil marcou no dia 17/3 um novo recorde histórico de demanda de energia, graças ao consumo elevado em razão do calor. Com as temperaturas elevadas, os consumidores utilizam mais aparelhos como ventilador e ar condicionado, além dos refrigeradores em busca de regular a temperatura para proporcionar mais conforto em casa, nos estabelecimentos e nos transportes.

 

As ondas de calor se tornaram comuns até mesmo fora do verão. Em 2023, entre o fim do inverno e início da primavera, as temperaturas estiveram elevadas por duas semanas consecutivas. Segundo Valesca Rodriguez, coordenadora do Centro de Monitoramento do Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul (CEMTEC/MS), esse tipo de ocorrência é “um fenômeno resultante de uma massa de ar quente que provoca o aumento nas temperaturas 5° acima da média do local por um período de, pelo menos, cinco dias”.

 

A previsão para as próximas semanas é que com a chegada do outono e uma nova frente fria alcançando o sul do país, as temperaturas amenizem. Porém, os especialistas afirmam que ainda sim os termômetros devem continuar acima da média para a época. “Março geralmente é carregado de muitas chuvas. Com o fim do verão e início do outono, era esperada uma queda maior das temperaturas, mas isso já não acontece mais de forma tão definida”, afirma a coordenadora do CEMTEC.

 

Com o calor extremo, a população fica em busca de formas de aliviar a sensação térmica em cachoeiras, rios e parques. O Eco Park da Ilha em Campo Grande registrou aumento dos visitantes aos finais de semana. Aparelhos de ar condicionado sofreram aumento de até 25% no preço por causa da alta demanda.

 

Nas escolas e nas empresas, a lei reafirma o desejo de alunos e funcionários. O ar condicionado não é item obrigatório, mas, é assegurado por lei que nesses espaços a temperatura esteja entre 20 e 30 graus para promover o conforto térmico e a produtividade dos estudantes e trabalhadores. A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) detalha ainda os parâmetros de funcionamento dos aparelhos climatizadores e destaca que a decisão se dá em favor das questões fisiológicas e psicológicas dos empregados.

 

Já no comércio, os consumidores afirmam que a climatização muitas vezes é decisiva na escolha do lugar que frequentam. O advogado Nathan Silva afirma que realiza suas compras em shopping center devido à climatização do ambiente. Essa questão também tem sido decisiva para escolher onde praticar exercícios físicos. Para a cliente da academia Skyfit, Geovana Lima, a escolha do local teve como fatores indispensáveis o ambiente limpo, arejado e climatizado.

 

Alguns fatores relacionados à saúde também precisam ser observados em tempos de muito calor. Muito além de apenas causar desconforto, a maior incidência de raios UV afeta o corpo humano de diversas formas, tornando necessários cuidados regulares e a adoção de alguns hábitos para facilitar a auto regulação e o bem-estar, além de evitar doenças correlacionadas à desidratação e insolação.

 

A nutricionista Isabella Pereira explica que quando as temperaturas estão elevadas, é necessário redobrar os cuidados com a alimentação e o consumo de água. Alimentos como a melancia, morango, tomate e pepino são ricos em água e ajudam a reidratar os fluídos perdidos no suor que ocorre em dias quentes.

 

“O corpo humano é muito bom em se adaptar, mas se não tomarmos os cuidados certos para o bem da nossa saúde, vamos causar uma sobrecarga para que nossos órgãos funcionem bem, e esse esforço pode gerar diversos impactos negativos e doenças”, afirma a nutricionista. As principais medidas a serem tomadas são beber bastante água, equilibrar a alimentação e evitar exposição prolongada ao sol.

 

Isabella Pereira também recomenda para seus pacientes que as atividades físicas realizadas ao ar livre não sejam feitas entre 10h e 16h, que são os horários de maior incidência dos raios solares e reforça a importância de se exercitar. “Mesmo com o calor, é importante manter a rotina de exercícios. É só tomar esses cuidados: beber água, se alimentar direitinho e buscar usar o protetor solar e chapéus se estiver exposto ao sol”.

 

A nutricionista frisa a importância de se hidratar. “Quando não bebemos água, deixamos de oferecer nutrientes importantes para o funcionamento do nosso organismo. A baixa ingestão de água pode dar dor de cabeça, ressecar a pele, dar tontura, fadiga e o mais crítico: causar desidratação”. A longo prazo, não ingerir água pode causar dificuldade na regulação corporal, problemas no sistema imunológico e problemas renais.

 

A médica nefrologista Milena Caldas concorda com Isabela e explica que a água é o remédio mais poderoso contra doenças que afetam os rins, tais como o cálculo renal. “Os cálculos são formados pelo acúmulo de cálcio, ácido úrico, um sal chamado oxalato ou um aminoácido chamado cistina. A água é a responsável por eliminar esses elementos do corpo”.

 

            Em temperaturas elevadas ou após atividades físicas, o suor é responsável por expelir líquidos do corpo. Posteriormente, esses líquidos precisam ser repostos a fim de eliminar as substâncias citadas, que causam os cálculos renais. “Sem eliminar a cistina e o ácido úrico, com a junção do cálcio esses cristais vão se formar e causar a dor no rim ou no canal urinário”, afirma Milena Caldas.

 

            A médica dermatologista Nayara Wiziack afirma que além dos cuidados alimentares é preciso observar também as questões da pele. “O principal cuidado no calor é o uso do protetor solar. Não só no verão, ou só na praia como as pessoas costumam usar. Todos os dias é importante fazer essa barreira contra os raios UV que agridem o ácido desoxirribonucleico (DNA)”. O resultado desse dano pode ser o envelhecimento precoce, rugas e o câncer.

 

            O câncer de pele é o tumor maligno mais comum entre os brasileiros. A combinação do clima tropical, altas temperaturas e a falta de cuidado recorrente favorecem que o indivíduo seja acometido pela doença. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 33% dos diagnósticos de câncer são desse tipo no país. A doença acontece por causa do crescimento descontrolado de células da composição da pele e pode se manifestar de duas formas: como carcinoma, relacionados a 177 mil novos casos por ano e não letais; e os melanomas, o tipo mais agressivo que atinge 8,4 mil pessoas anualmente.

 

            Campanhas como o Dezembro Laranja, promovida pela SBD, são veiculadas para conscientizar e informar sobre o câncer de pele e os cuidados a serem tomados como os exames de rotina e detecção do câncer. Manchas e feridas na pele que demoram muito para curar são o principal fator de alerta para procurar um profissional dermatologista o mais rápido possível, porque quanto mais cedo o diagnóstico for realizado, maior a chance de cura.

 

             Uma boa parte das doenças correlacionadas ao calor excessivo não são de manifestação imediata, acontecem devido à exposição recorrente e gradualmente adoecem o paciente. Outras doenças, como por exemplo a insuficiência renal, estão relacionadas às más práticas e com o calor tornam-se mais recorrentes. É necessário aderir às práticas indicadas pelas especialistas no dia a dia e redobrar os cuidados durante as ondas de calor evitando mal estar e doenças degenerativas.

           

 

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