Em prédio centenário, a Casa de Cultura nasceu de uma iniciativa para promover e dar acesso à cultura regional do Mato Grosso do Sul
Texto: Hyan Lucas e Júlia Ortega
Fotos: Júlia Ortega
No coração da capital, a casa se destaca na avenida Afonso Pena
Na avenida Afonso Pena, coração da capital sul-mato-grossense, um edifício centenário de fachada azul ganhou um novo propósito. O prédio Mello e Cáceres, testemunha de mais de 100 anos de história da capital, agora abriga a Casa de Cultura de Campo Grande, um projeto da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SECTUR) que promete reviver a cena cultural da cidade. Construído em 1922, o mesmo ano da Semana de Arte Moderna, o prédio Mello e Cáceres tem uma história muito rica.
Originalmente sede da 1ª Circunscrição Militar, depois renomeada 9ª Região Militar, o edifício serviu a diversos propósitos ao longo dos anos. Entre 1984 e 1994, foi emprestado ao Governo de Mato Grosso do Sul, tornando-se o Quartel da Polícia Militar. Em 1994, o prédio foi tombado como patrimônio histórico e no ano seguinte, abrigou brevemente o Colégio Militar.
Com a sua estrutura ainda dos anos 1920, o prédio ainda possui as salas grandes com lustres imponentes e seu piso original, lembrando o tempo de sua criação. A construção ainda mantém sua escadaria feita de madeira e preservada até os dias de hoje. O prédio foi o primeiro a ter dois andares na capital e hoje em dia isso já não é novidade, porém em meio a tantos prédios grandes de vários metros de altura, trânsito lotado nos horários de pico, centenas de pessoas que passam pelas suas calçadas, o prédio não é invisível, já que a sua arquitetura antiga e sua cor marcante chamam a atenção de quem passa.
Detalhes da arquitetura foram restaurados e preservados
A edificação foi nomeada em homenagem a Luís de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, antigo Capitão General de Mato Grosso, conhecido por suas realizações estratégicas na fundação de cidades e fortalezas na Fronteira Oeste. Atualmente, o prédio pertence ao exército mas foi concedido à Secretaria de Cultura e Turismo por meio de um termo de cooperação e tem um museu militar mantido no acordo de concessão de espaço, que honra e preserva a sua história antes de se tornar um centro cultural.
No Museu do Exército, a homenagem a seus heróis, como o busto de Marechal Rondon
A escolha de utilizar o Mello e Cáceres não foi à toa, além da localização, a sua história contribuiu para a decisão: “Foi um fator muito decisivo na nossa escolha, porque calhou do prédio ser inaugurado em 1922, e para a cultura brasileira, 1922 é a Semana de Arte Moderna Brasileira, que é o início mesmo da nossa identidade como arte, como cultura brasileira.” afirma Diego Torraca, gestor da Casa de Cultura, que procurava um local que fosse centralizado e com história e passado ligados à cidade.
A ideia de criar a Casa veio da necessidade de um espaço cultural localizado no centro da cidade para facilitar a visita. Campo Grande precisava de um local a fim de oferecer aulas, cursos, oficinas e apresentações de forma acessível para a população e valorizar a arte da capital, além de trazer a cultura às partes mais afastadas, as populações marginalizadas.
Com um ambiente aconchegante e rico com suas memórias, a casa é focada em promover a cultura regional, sobretudo a de Campo Grande, com salas de leitura/biblioteca recheadas com obras de autores do MS, espaço com obras de acervo do nosso artesanato regional, uma sala de cinema com acessibilidade destinada a exibir filmes e obras audiovisuais, sala de artes cênicas e até um ateliê para produções artesanais. Além disso, a Casa tem um quintal, espaço ao ar livre onde serão feitas apresentações, oficinas e aulas.
Além de sua arquitetura atemporal, o ambiente possui murais e grafites feitos por talentosos artistas da região como Curumex e Caio Mendes, conhecido como Green, para ressaltar a participação dos nomes regionais.
No centro da Casa da Cultura, um lugar para apreciar a arte
Todo o tipo de arte está presente no acervo
Na instalação também se encontra o Café 1922, cafeteria com nome que faz alusão à criação do prédio e à Semana da Arte Moderna, porém, o estabelecimento não está em funcionamento por questões administrativas.
A Semana de Arte Moderna é um marco na Casa de Cultura
Localizada na Avenida Afonso Pena, número 2270, o espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h (com cursos se estendendo até às 20h), e aos sábados das 9h ao meio-dia. Oferece cursos, aulas e oficinas destinados a toda a comunidade de Campo Grande, de crianças a idosos.
Com aulas de instrumentos como violão, ukulele, teclado e cordas a danças culturais como a folclórica, samba de gafieira, paraguaia e urbana. Todas as programações são gratuitas e visam fortalecer a cena cultural de Campo Grande. Além disso, a Casa também oferece um cursinho pré-vestibular para os alunos que desejam cursar Música na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
Para conhecer mais sobre a programação e se inscrever nos cursos da Casa de Cultura, basta conferir o perfil do Instagram
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