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Quebrando barreiras e rabiscando preconceitos

Ketlin Miranda há mais de três anos se destaca como barbeira com suas técnicas de freestyle em Campo Grande


Daniel Baptista e Marcos PauloLaureano




Fotos: Daniel Baptista


Em Campo Grande, na barbearia Mióla, uma mulher corta cabelos, sempre buscando a perfeição em cada detalhe. Com a sua tesoura, que tatuou no pulso, sempre presta atenção em tudo o que acontece a sua volta, mas sem perder o seu foco principal, o cliente. A sua bancada, por mais que ela tente manter organizada, acaba ficando bagunçada, mas é nessa bagunça que ela se sente organizada.

Ketlin Miranda, uma jovem de 27 anos, tem muito do que se orgulhar no mundo da barbearia freestyle. Nascida em Curitiba, ela se mudou para Campo Grande aos sete anos de idade por motivos familiares, e foi nessa cidade que seu destino como barbeira começou a se desenhar.

Após deixar seu trabalho em uma pet shop, Ketlin passou a observar seu namorado, Felipe Mióla, enquanto ele trabalhava na barbearia. Por pura diversão, em um ato de brincadeira, decidiu cortar o cabelo de seu primo. Foi nesse momento que sua nova vocação foi descoberta, e ela se apaixonou pela arte de cortar cabelos.

Felipe percebeu o potencial de Ketlin e resolveu treiná-la por duas semanas, a fim de aperfeiçoar suas técnicas de corte. Com o tempo, ela se tornou parte da equipe da Barbearia Mióla, estabelecimento de seu namorado, local com quatro cadeiras para cortar cabelo, além de um lavatório, balcão e um sofá para os clientes esperarem sua vez. Ruiva de pele clara, Ketlin conquistou seus clientes e colegas de trabalho com seu carisma e extroversão.

O destaque especial de Ketlin é seu trabalho no freestyle, criando desenhos livres na cabeça de seus clientes. Conhecidos como "risquinhos", essas criações únicas se tornaram o diferencial da barbeira e ganharam aceitação entre os frequentadores da barbearia. Mesmo sem ter frequentado cursos formais, Ketlin sempre teve o talento para o desenho desde sua infância, arriscando riscos na cabeça quando criança. Com o tempo, ela foia perfeiçoando suas habilidades e ganhando confiança, o que lhe permitiu reduzir o tempo necessário para fazer seus desenhos. O que antes levava uma hora, agora pode ser feito em apenas 20 a 30 minutos.

Impulsionada por sua paixão e seu talento, Ketlin decidiu participar de uma competição específica de freestyle em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Embora não tivesse grandes expectativas, ela surpreendeu a todos e conquistou o segundo lugar. Essa experiência trouxe a ela um orgulho indescritível e a certeza de que seu trabalho e dedicação estavam sendo reconhecidos.



Ketlin teve que enfrentar desafios no início de sua carreira, pois ingressar em um meio predominantemente masculino não foi fácil. Ela foi alvo de preconceitos e discriminação por ser uma mulher em uma barbearia tradicionalmente frequentada por homens. No entanto, Ketlin perseverou e conquistou sua clientela, que antes tinha dúvidas sobre suas habilidades. Hoje, ela é a única mulher na barbearia onde trabalha, desafiando estereótipos e quebrando barreiras de gênero.

Com sua determinação e talento, Ketlin continua cortando cabelos e rabiscando o preconceito. Ela se tornou uma referência para outras mulheres que desejam entrar nesse meio e inspira muitas pessoas com sua história de superação.



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