Semana do Cinema multiplica o número de espectadores em Campo Grande

A promoção, que aconteceu entre os dias 06 a 12 de fevereiro, contou com ingressos promocionais de 10 reais para todos

Anne Evelyne Haeckel, Milena Melo e Sandy Ruiz

Foto: Milena Melo

Nesta última semana, dos dias 6 a 12 de fevereiro, redes de cinema de Campo Grande, como Cinemark, Cinépolis e UCI  ofereceram ingressos promocionais no valor de dez reais para todos os filmes em cartaz.  Esse evento nacional mobilizou espectadores de todo o país, que aproveitaram a promoção da Semana do Cinema e a variedade de títulos em exibição.

Normalmente, o preço original dos ingressos varia de acordo com a rede de cinema, sendo de R$20,00 até R$50,00.  Neste período promocional, as salas de cinema receberam público de mais de 2,7 milhões de pessoas. Este número apresenta um aumento de 148% de visitantes comparado à semana anterior.

As produções brasileiras em cartaz ganharam destaque nos últimos dias com a atenção do público. O filme “Ainda Estou Aqui”, estrelado por Fernanda Torres, está entre os mais vistos, mesmo após três meses de sua estreia.

O sociólogo Guilherme Passamani argumenta que  o cinema possui grande impacto na sociedade, através de produções artísticas que são capazes de despertar o interesse do espectador e fazê-lo refletir sobre diferentes temas. Além disso, destaca que “em períodos de crescente desinformação”, o cinema é um mecanismo importante que opera nesse contrafluxo.

Ao tomar o filme “Ainda Estou Aqui” como um exemplo, Passamani afirma que esse é um tipo de obra que serve para romper bolhas e despertar o interesse em relação à história do país, elenco e até pela projeção internacional que o filme conquistou. Além disso, o sociólogo também argumenta sobre essas formas de aumentar o repertório cultural da população e como isso reflete na sociedade. 

Alessandra Esmi, jovem de 19 anos,  aproveitou para assistir "Acompanhante Perfeita" no Cinemark durante a promoção da semana do cinema. A jovem afirma que ficou contente com a iniciativa, já que é possível assistir a vários filmes durante a semana. Além disso, Alessandra também comenta que independente do título escolhido, iniciativas assim são importantes para unir lazer e cultura e facilitar o acesso para as pessoas com condições financeiras menores.

Amanda Paixão Menezes, de 18 anos, também aproveitou a oportunidade para ir ao cinema. Ela comenta que o preço disponibilizado na Semana do Cinema é muito mais acessível para a população. “Eu acho importante para a cultura, ainda mais com o filme ‘Ainda Estou Aqui’, muitas pessoas vão ter a possibilidade de assistir”.

Apesar dos pontos positivos da promoção, existem barreiras que ainda são difíceis de ultrapassar, como a pluralidade dos filmes em cartaz e a localização dos cinemas.

O professor do curso de Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Vitor Tomaz Zan, explica que o circuito exibidor das redes de cinema do país dificilmente exibe filmes que não sejam do norte global ou blockbusters, termo que indica filmes produzidos para arrecadar grandes bilheterias. 

“O cinema é provavelmente a arte mais industrial, ela tem uma dimensão comercial relacionada ao audiovisual com custos muito altos, isso torna o produto caro”. Zan complementa que a relação entre oferta e demanda é complexa, o público não vai assistir aquilo que não é oferecido, mas o prejuízo que uma sala de cinema vazia acarreta é custoso para as redes.

Isso também está relacionado ao fato que, em Campo Grande, todas as salas de cinema são franquias abertas em shopping centers, que pagam o aluguel do espaço. Zan acredita que esse ambiente  é um pouco mais excludente do que as salas de cinema que antes estavam nas ruas. “O shopping é um centro comercial, um local um pouco apartado do espaço público.” O último cinema de rua da capital, Cine Campo Grande, foi fechado em 2012.